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O PERFUME PRECIOSO

terça-feira, 19 de julho de 2011



Estando em casa de Simão para o jantar, Cristo foi homenageado por 

uma mulher, chamada Maria, que derramou sobre ele todo o nardo 
contido em um vaso de alabastro. Toda a casa se encheu daquele 
perfume maravilhoso, atraindo a atenção de todos os presentes, 
inclusive dos discípulos, que disseram: "Que desperdício! Poder-se-
ia vender este perfume e dar o dinheiro aos pobres". Ao que Cristo 
respondeu: "Aos pobres, sempre tendes convosco, mas a mim, nem 
sempre tereis" (Mateus 26).


Tal episódio de rara beleza nos impressiona e ensina. O ato de Maria 
surpreendeu a todos e até hoje surpreende. Jesus disse que onde o 
evangelho fosse pregado, aquela ação seria mencionada. 
Naquele tempo, era comum às jovens fazerem suas economias para 
comprarem o nardo, um perfume muito caro. A essência ia sendo 
juntada em um vaso a fim de ser utilizada na noite de núpcias. 
Pensando nesses detalhes, notamos o quanto era importante aquele 
vaso de perfume para sua possuidora. Representava suas economias, 
talvez até realizadas com sacrifício, e simbolizava também seus 
sonhos, seus ideais referentes ao matrimônio e à família. Quanto 
valor colocado e representado por um vaso de perfume! 
O que Maria fez? Derramou todo aquele perfume sobre Cristo. Isso foi 
mais do que uma homenagem; foi uma entrega total. É como se ela 
dissesse: "Senhor, eu entrego a ti tudo o que sou. Eu entrego o 
melhor que possuo, meus sonhos, meus desejos, meus ideais, meus 
planos e objetivos". Foi um ato de dedicação absoluta. Notamos que 
ela não derramou um outro líquido que pudesse ser mais barato e 
conseguido com mais facilidade, como água, por exemplo. Maria deu o 
que possuía de mais precioso. Isso nos ensina a dar o melhor para 
Deus, fazer o melhor para ele, mesmo que nos custe um preço alto.
O ato de "derramar" nos traz três lições:
Dedicação exclusiva - Tendo derramado todo o perfume sobre Jesus, 
Maria não poderia mais prestar essa homenagem a outra pessoa. Tendo 
o compromisso que temos com Cristo, não podemos tê-lo com um ídolo. 
Nada restou do nosso perfume que possa ser dado a um outro deus. 
Dedicação sem reservas - Ela não guardou um pouco do perfume para si 
mesma. Não haverá nenhuma área da nossa vida que não esteja sob o 
domínio do Senhor. Somos dele por completo. 
Dedicação sem retorno - Uma vez derramado, o perfume não podia ser 
retomado ou recuperado. Não vamos, amanhã ou depois, pedir ao Senhor 
que nos devolva o que lhe entregamos. Não vamos desistir da nossa 
aliança com ele. Se derramamos nossa alma diante do Senhor não vamos 
tomá-la de volta. Nosso vínculo com Jesus é um casamento sem 
divórcio. Assim deve ser nossa dedicação ao Senhor. Entreguemo-nos 
completamente e definitivamente.
Aquele aroma maravilhoso se propagou pela casa e atingiu a todos. 
Assim é o efeito do testemunho silencioso de uma vida derramada na 
presença de Deus. Mesmo os que quiserem ignorá-la não poderão. 
Diante daquele exemplo de desprendimento, alguns disseram: "Que 
desperdício!" Essas palavras poderão ser ouvidas ainda hoje por 
aqueles que se dedicam ao Senhor. Alguém poderá dizer que estamos 
desperdiçando nosso tempo, nosso dinheiro, nossa juventude, nossa 
vida, etc. Entretanto, nossa dedicação a Deus não é desperdício, é 
investimento. Tudo o que entregamos ao Senhor será como uma semente 
lançada ao solo. O ato de semear pode parecer um desperdício. Parece 
que o semeador está jogando fora as sementes. Porém, no dia da 
colheita, o trabalhador se alegra com o fruto do seu labor.
Naquele instante, até os pobres foram lembrados. O discurso daqueles 
defensores dos pobres parece até uma tese da Teologia da Libertação. 
O fato é que qualquer argumento será usado por aqueles que querem 
tirar nossa atenção do Senhor. Muitos querem que desviemos nossa 
visão de Jesus para nos dedicarmos a outras causas, que podem até 
ser nobres e feitas em nome de Cristo, mas não devem tomar o lugar 
de Deus em nossas vidas. É verdade que, quando ajudamos aos pobres, 
estamos fazendo a obra de Deus, e devemos fazê-lo, mas isso não 
substitui uma experiência pessoal com Jesus Cristo. O amor ao 
próximo é importante, mas não é tudo. O primeiro mandamento é o amor 
a Deus. Logo, se alguém vive se dedicando ao trabalho social, mas 
não é convertido nem obediente a Deus, está praticando obras mortas, 
sem valor espiritual. As obras de caridade não têm o poder de salvar 
ninguém. Contudo, se somos convertidos e fazemos boas obras, estas 
têm grande valor e por elas seremos recompensados. 
Notemos que Jesus não condenou a ajuda aos pobres. Ele disse que 
sempre teríamos os pobres conosco. Assim, poderíamos ajudá-los 
sempre. Entretanto, tal ajuda não substitui nosso culto e dedicação 
da vida ao Senhor através de um compromisso de obediência. Essa 
questão atinge também àqueles que acham que podem deixar de 
contribuir na igreja a fim de ajudarem lá fora a quem precisa. Na 
realidade, as duas coisas são importantes e devem ser tratadas na 
ordem correta de prioridades. 
O que nós estamos dando ao Senhor? Como estamos trabalhando pelo seu 
reino? Que Deus nos ajude a alcançar o nível de fazermos o melhor, 
de entregarmos o melhor e de colocarmos o Senhor acima de tudo em 
nossas vidas. Dessa forma, o bom perfume de Cristo será sentido em 
todos os lugares onde estivermos. 


Prof. Anísio Renato de Andrade -Bacharel em teologia

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