Estando em casa de Simão para o jantar, Cristo foi homenageado por
uma mulher, chamada Maria, que derramou sobre ele todo o nardo
contido em um vaso de alabastro. Toda a casa se encheu daquele
perfume maravilhoso, atraindo a atenção de todos os presentes,
inclusive dos discípulos, que disseram: "Que desperdício! Poder-se-
ia vender este perfume e dar o dinheiro aos pobres". Ao que Cristo
respondeu: "Aos pobres, sempre tendes convosco, mas a mim, nem
Tal episódio de rara beleza nos impressiona e ensina. O ato de Maria
surpreendeu a todos e até hoje surpreende. Jesus disse que onde o
evangelho fosse pregado, aquela ação seria mencionada.
Naquele tempo, era comum às jovens fazerem suas economias para
comprarem o nardo, um perfume muito caro. A essência ia sendo
juntada em um vaso a fim de ser utilizada na noite de núpcias.
Pensando nesses detalhes, notamos o quanto era importante aquele
vaso de perfume para sua possuidora. Representava suas economias,
talvez até realizadas com sacrifício, e simbolizava também seus
sonhos, seus ideais referentes ao matrimônio e à família. Quanto
valor colocado e representado por um vaso de perfume!
O que Maria fez? Derramou todo aquele perfume sobre Cristo. Isso foi
mais do que uma homenagem; foi uma entrega total. É como se ela
dissesse: "Senhor, eu entrego a ti tudo o que sou. Eu entrego o
melhor que possuo, meus sonhos, meus desejos, meus ideais, meus
planos e objetivos". Foi um ato de dedicação absoluta. Notamos que
ela não derramou um outro líquido que pudesse ser mais barato e
conseguido com mais facilidade, como água, por exemplo. Maria deu o
que possuía de mais precioso. Isso nos ensina a dar o melhor para
Deus, fazer o melhor para ele, mesmo que nos custe um preço alto.
O ato de "derramar" nos traz três lições:
Dedicação exclusiva - Tendo derramado todo o perfume sobre Jesus,
Maria não poderia mais prestar essa homenagem a outra pessoa. Tendo
o compromisso que temos com Cristo, não podemos tê-lo com um ídolo.
Nada restou do nosso perfume que possa ser dado a um outro deus.
Dedicação sem reservas - Ela não guardou um pouco do perfume para si
mesma. Não haverá nenhuma área da nossa vida que não esteja sob o
domínio do Senhor. Somos dele por completo.
Dedicação sem retorno - Uma vez derramado, o perfume não podia ser
retomado ou recuperado. Não vamos, amanhã ou depois, pedir ao Senhor
que nos devolva o que lhe entregamos. Não vamos desistir da nossa
aliança com ele. Se derramamos nossa alma diante do Senhor não vamos
tomá-la de volta. Nosso vínculo com Jesus é um casamento sem
divórcio. Assim deve ser nossa dedicação ao Senhor. Entreguemo-nos
completamente e definitivamente.
Aquele aroma maravilhoso se propagou pela casa e atingiu a todos.
Assim é o efeito do testemunho silencioso de uma vida derramada na
presença de Deus. Mesmo os que quiserem ignorá-la não poderão.
Diante daquele exemplo de desprendimento, alguns disseram: "Que
desperdício!" Essas palavras poderão ser ouvidas ainda hoje por
aqueles que se dedicam ao Senhor. Alguém poderá dizer que estamos
desperdiçando nosso tempo, nosso dinheiro, nossa juventude, nossa
vida, etc. Entretanto, nossa dedicação a Deus não é desperdício, é
investimento. Tudo o que entregamos ao Senhor será como uma semente
lançada ao solo. O ato de semear pode parecer um desperdício. Parece
que o semeador está jogando fora as sementes. Porém, no dia da
colheita, o trabalhador se alegra com o fruto do seu labor.
Naquele instante, até os pobres foram lembrados. O discurso daqueles
defensores dos pobres parece até uma tese da Teologia da Libertação.
O fato é que qualquer argumento será usado por aqueles que querem
tirar nossa atenção do Senhor. Muitos querem que desviemos nossa
visão de Jesus para nos dedicarmos a outras causas, que podem até
ser nobres e feitas em nome de Cristo, mas não devem tomar o lugar
de Deus em nossas vidas. É verdade que, quando ajudamos aos pobres,
estamos fazendo a obra de Deus, e devemos fazê-lo, mas isso não
substitui uma experiência pessoal com Jesus Cristo. O amor ao
próximo é importante, mas não é tudo. O primeiro mandamento é o amor
a Deus. Logo, se alguém vive se dedicando ao trabalho social, mas
não é convertido nem obediente a Deus, está praticando obras mortas,
sem valor espiritual. As obras de caridade não têm o poder de salvar
ninguém. Contudo, se somos convertidos e fazemos boas obras, estas
têm grande valor e por elas seremos recompensados.
Notemos que Jesus não condenou a ajuda aos pobres. Ele disse que
sempre teríamos os pobres conosco. Assim, poderíamos ajudá-los
sempre. Entretanto, tal ajuda não substitui nosso culto e dedicação
da vida ao Senhor através de um compromisso de obediência. Essa
questão atinge também àqueles que acham que podem deixar de
contribuir na igreja a fim de ajudarem lá fora a quem precisa. Na
realidade, as duas coisas são importantes e devem ser tratadas na
ordem correta de prioridades.
O que nós estamos dando ao Senhor? Como estamos trabalhando pelo seu
reino? Que Deus nos ajude a alcançar o nível de fazermos o melhor,
de entregarmos o melhor e de colocarmos o Senhor acima de tudo em
nossas vidas. Dessa forma, o bom perfume de Cristo será sentido em
todos os lugares onde estivermos.
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